sexta-feira, 30 de setembro de 2016 1 comentários

Mais indecisões



Quatro anos atrás, eu escrevi um texto sobre minhas indecisões de aluna de terceiro ano do Ensino Médio. Estas indecisões, muito comuns para minha cabecinha de 17 anos que se via pressionada a escolher uma profissão para o resto da vida, fizeram com que, depois de muita hesitação, eu me decidisse pelo curso de Letras. Agora, estou no último semestre de curso, e: parece que eu voltei a ter 17 anos.
São agoniantes estes momentos de incertezas. Para mim, que gosto de ter tudo bem planejado e certo, é uma tortura não saber. Decidir é um tormento. O que vou fazer ano que vem? Mestrado? Intercâmbio? Estudar e trabalhar em outra cidade? Ficar trabalhando por aqui? Morar com meus pais? Sair de casa?
Eu simplesmente não sei lidar. Não sei lidar com a incerteza e com a indecisão. Gosto tanto de ter o controle de cada passo do meu futuro, saber exatamente o que vai acontecer, estar preparada para as situações... Então vem a vida e nos apresenta à incerteza e ao friozinho na barriga de não saber. Tento manter minha mente no presente, mas ela insiste em avançar alguns meses e tentar prever o que estará acontecendo.
Sinto como se estivesse andando numa corda bamba acima dos prédios da cidade. Está escuro e enxergo apenas alguns passos a minha frente. A corda bamba está cada vez mais estreita e difícil de caminhar. Tento olhar para frente, não para baixo, não para trás. Mas não enxergo até onde eu gostaria de enxergar.
Sei que logo o dia vai amanhecer e todo o caminho estará claro a minha frente. Mas a noite é longa e não posso perder o equilíbrio ou acabarei caindo. Só o que eu preciso fazer é continuar andando, pois, se eu estiver sossegada, talvez meus olhos se acostumem à escuridão e eu possa ter um vislumbre do que vem vindo à frente. Só me resta caminhar e esperar. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2016 1 comentários

Sobre inícios e finais


Algo que sempre me encantou nos livros, nos filmes, nas músicas e na vida em geral: inícios. E finais.
É tão bom o início de algo. Perceber como as coisas são, acostumar-se à situação posta – algo mais fácil de se fazer quando se trata de ficção do que quando se trata da nossa vida. Observar o início de uma relação. Estar no início de uma relação, seja uma amizade ou um relacionamento entre um casal. É lindo, mesmo que a paixão que sintamos seja apenas pela pessoa que criamos na nossa cabeça.
Os finais, às vezes dolorosos ou às vezes tão bonitos. Quando inicio a leitura de um livro, fico imaginando como terminará a história. Se me fará sorrir ou chorar, e, se me fizer chorar, se será de felicidade ou tristeza. Os finais que acontecem na nossa vida algumas vezes são tristes, mas quando é um ciclo que se encerra e que gerará outros inícios, o choro é de felicidade. Uma formatura. Sair de um emprego porque encontrou outro melhor. Conseguir sair de um relacionamento abusivo. Finalmente ter coragem de morar sozinho ou de morar com outra pessoa e perder a segurança da casa dos pais. São ciclos que se encerram, mas não precisam simbolizar algo triste.
Os inícios e os finais simbolizam mudanças. Coisas que começam, coisas que terminam. Enquanto vivermos inícios e finais, sejam felizes ou dolorosos, nossa vida estará caminhando. O problema é quando não houver mais inícios ou finais, pois significa que estamos estabilizados, congelados.
Apesar de eu ter medo de mudanças e de preferir os inícios e finais apenas nos livros que leio ou nos filmes que assisto, gosto de pensar que, a cada começo ou fim, estou sendo renovada. E que esse pensamento me guie toda vez que eu temer enfrentar uma nova fase na minha vida. Que eu possa ter o discernimento necessário para saber quando é a hora de encerrar um ciclo ou iniciar algo novo. Que eu saiba lidar com os inícios e finais da minha própria vida.
sábado, 16 de maio de 2015 0 comentários

"Preciso muito sair!"



Tenho uma teoria sobre quem sai de casa todos os fins de semana. Antes de ler esse texto, saiba que não estou generalizando. Afinal, quase nada pode ser totalmente generalizado.
Quem me conhece sabe que não saio muito e que prefiro ler um livro ou ouvir uma música boa em casa do que ir a algum lugar beber (já que nem gosto de beber, afinal) e dançar músicas que nem sempre são do meu gosto. Mas quem me conhece um pouquinho mais e há mais tempo, sabe que houve uma época em que eu saía mais e topava quase todo convite das minhas amigas. Não bebia nem saía beijando ninguém nessas festas, mas sempre arrumava algo para fazer que me tirasse do quarto. E devo acrescentar que aquela era a época mais triste da minha vida.
Minha teoria é a de que as pessoas sentem que precisam sair de casa por não se sentirem bem consigo mesmas. Elas não conseguem ficar sozinhas porque é solidão demais. Às vezes precisam contar para o mundo todo como passaram o fim de semana para que todos saibam quão felizes estão, embora por dentro não é bem isso que estão sentindo. Elas associam felicidade à balada, bebida forte, maquiagem, salto alto, beijar desconhecidos e esquecer tudo que fizeram no dia seguinte. Medem a diversão pela ressaca. Alguns, ao chegar em casa, choram – como eu fazia. Perguntam-se porque se sentem ainda mais tristes quando deveriam estar ótimos depois daquela noite maravilhosa.
Para quem se sente assim, uma dica: talvez você esteja procurando a felicidade no lugar errado. Vale lembrar que não estou julgando ninguém. Se o que lhe faz realmente feliz é sair sempre que possível, tudo bem. Se você se sente bem assim, tudo bem. Eu também gosto de sair às vezes. Só prefiro outros tipos de diversão. Inclusive posso estar completamente errada. Isso pode ter acontecido apenas comigo e as pessoas que mais saem são mesmo as mais felizes. Não sei. O que posso dizer é que o conceito de felicidade varia de pessoa para pessoa e o meu não se resume a virar a noite em uma balada. 
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015 0 comentários

Depois do final feliz




       "E viveram felizes para sempre..."

       É assim que termina a maioria dos contos de fadas infantis. Com essa afirmação, fechamos o livro e vamos viver nossas próprias vidas. Buscando nosso próprio final feliz.
       Quando crianças, ouvimos essas histórias e imaginamos que a nossa terminaria assim também. Eu pensava assim, por exemplo. Pensava que um dia eu não teria nenhum problema para resolver e todos os meus sonhos estariam conquistados e realizados e aí seria o meu "feliz para sempre", vivendo o resto da minha vida sem nada com o que me preocupar e com um príncipe encantado do meu lado. Então eu cresci (não em altura, é claro) e percebi que não é bem assim. Observando a vida das pessoas e a minha própria, dá pra perceber que não existe um momento em que tudo se estabilizará na felicidade constante e eterna. Mas é essa a graça da coisa.
       A vida é uma constante busca pelo feliz para sempre, mas que nunca chegue o dia em que não seja mais preciso correr atrás de nada, ou chegaremos a um estado de conformismo e acomodação. Mesmo assim, não devemos ser ambiciosos a ponto de pensar apenas em possuir e não desfrutar dos objetivos alcançados e das pequenas felicidades diárias. O que eu quero dizer é que não podemos viver a vida inteira esperando o dia em que não será preciso alcançar mais nada. Que sempre tenhamos sonhos, ainda que nem todos acabem se realizando.
       Então quer dizer que mentiram para nós a vida toda dizendo que os personagens vivem felizes para sempre sendo que o final feliz não existe? Claro que não! O que tem que mudar é a interpretação dessa frase. O significado mais provável comparando à vida real seria: ser "feliz para sempre" é, mesmo às vezes estando temporariamente triste, irritado ou mal-humorado, sentir isso apenas por alguns instantes e que a felicidade seja um estado de espírito. Portanto, o "feliz para sempre" se torna um "feliz sempre", "feliz todos os dias". Isso sim faz todo o sentido.
sábado, 27 de dezembro de 2014 0 comentários

Pensamentos aleatórios





Pensei em Macabéa, de A Hora da Estrela e em seu batom vermelho que marcou um momento importante e foi algo diferente de tudo que ela tinha feito. Fiquei pensando que também queria fazer algo marcante em relação a mim mesma e pensei: esmalte preto nas unhas. Já tinha passado várias cores de esmalte nas unhas e sempre preferi o rosa, mas preto nunca. Preto eu não tinha passado e era isso que eu ia fazer. Alimentei a ideia por dois dias e na primeira oportunidade, comprei o esmalte e passei eu mesma nas minhas unhas. Ah, a satisfação de fazer algo nunca feito antes...

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Há algo errado e não há nada que você possa fazer para resolver. A solução é ler um bom livro. Mergulhar na história alheia que não depende de uma decisão sua para acontecer. Ela se desenrola enquanto você assiste (no caso, lê) tudo aquilo numa grande expectativa como se aquela ali fosse a sua vida e nada mais importasse.

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Um grande problema o nosso: aumentamos os problemas e não valorizamos as coisas boas que nos acontecem. Acho engraçado que nos momentos difíceis tudo parece ser horrível e sem solução e os momentos muito bons levamos como dias normais. Não pensamos: "Olha só, tanta coisa boa me acontecendo, sou tão grato, tão abençoado, tão feliz". É possível que nesses momentos, comecemos a pensar em coisas que podem gerar problema e ficarmos com a cabeça sempre cheia de problemas. Por que se estressar tanto? Por que não levar a vida de um jeito mais leve?
domingo, 12 de outubro de 2014 0 comentários

Dia após dia



      Não sei ao certo quando começou. Não sei qual foi o dia exato que me apaixonei por ti, principalmente porque no início hesitei muito. Mas suspeito que já naqueles dias há algum tempo quando  que eu só te via de longe tocando violão e cantando, eu já estava me apaixonando, ou no mínimo, eu estava atraída por uma grande vontade de te conhecer mais de perto.
       E aí, um dia, aconteceu. BUM! Me apaixonei. Algo assustador, intenso e estranhamente bom. A partir desse dia, eu me apaixonei por ti todos os dias. Claro que o meu amor é algo contínuo que nunca diminuiu. O amor sempre fica, mas às vezes a paixão se vai. E a minha paixão por ti se revela todos os dias. Basta um olhar ou um sorriso, algo que você diz ou faz, um pequeno gesto e BUM! (de novo. E de novo e de novo...). Às vezes eu nem preciso te ver, só me lembrar do tesouro que tenho nas minhas mãos já é suficiente. E o mais incrível é que você não precisa se esforçar para que isso aconteça. É natural. Você só precisa ser você mesmo.
       Torço para que a recíproca também seja verdadeira. Para que você não se esqueça e não deixe de apreciar o que fez você se apaixonar por mim. Que eu também consiga te conquistar a cada dia e que não deixemos a chama desse amor tão lindo se apagar jamais. Quero me encantar e me apaixonar por ti todos os dias e sempre mais. Quero construir minha felicidade ao teu lado e nunca, nunca olhar pra trás. 
sexta-feira, 29 de agosto de 2014 0 comentários

Saber ver, ouvir e falar


       Minha audição não é das melhores. Inclusive, acho que é isso que mais me atrapalha quando não consigo evoluir na música. Se for falar comigo ao telefone, prepare-se para repetir cada frase mais de uma vez (aliás, como vocês conseguem ouvir alguma coisa pelo telefone?). Muitas vezes sou alheia a ruídos que incomodam as pessoas ao meu redor.
       Porém, sou boa ouvinte quando se trata de ouvir o que as pessoas têm a dizer. Seja uma opinião diferente, seja uma crítica a mim (esta eu escuto até demais), seja um desabafo: nunca me recuso a ouvir. Nesse sentido, sim, eu escuto bem.
       Sou míope. Só enxergo borrões coloridos ao longe quando estou sem óculos ou minhas lentes de contato. É algo que me incomoda, mas não tanto quando a cegueira de algumas pessoas. Gente que enxerga e dá valor apenas para as aparências, que não percebe o óbvio, que não consegue enxergar além...  Tenho preguiça de gente assim. Perda de tempo ficar perto de gente que pode até ter a visão perfeita, mas não enxerga o que precisa ser visto de verdade.
       Já fui chamada de muda várias vezes, principalmente quando eu era criança. Tive problemas com isso na infância e mesmo depois de mais velha, continuei não sendo fã de ficar falando muita coisa sem necessidade. Acredito que as palavras devem ser cuidadosamente utilizadas e admiro quem tem o dom de usá-las bem - seja na fala ou na escrita.
       Ou seja, o problema maior não está em não enxergar bem, não escutar bem ou não falar muito. Eu acredito que fechar os olhos, os ouvidos e a boca em situações em que isso é necessário é ainda pior. O importante é, além de ver, enxergar; além de ouvir, saber escutar; e além de falar, saber o que dizer. 
 
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