segunda-feira, 22 de julho de 2013 0 comentários

Silêncio


Ela nunca falava muito. Passara a infância conversando pouco, e com poucas pessoas. Cresceu desse jeito, sempre valorizando as palavras de tal maneira que muitas vezes preferia calar-se a dizer algo que não fizesse diferença ou que pudesse ser mal interpretado. Aquilo começou a tornar-se um problema. Falar qualquer coisa na frente de muitas pessoas era um sacrifício. Não sabia utilizar as palavras certas. Por causa disso, fez poucas amizades, pois tinha dificuldade em conversar com as pessoas. Não sabia o que dizer, nunca sabia. Não conseguia se aproximar das pessoas e não sabia se elas sequer gostavam da sua presença. Fechava-se em seu mundo. Apesar de falar pouco, era apaixonada por palavras. Lia muito e escrevia ainda mais. Tudo o que não conseguia expressar oralmente, colocava no papel. Quando passava por um problema, não procurava as pessoas para conversar. Ela escrevia. Não tinha certeza se as pessoas a entenderiam ou se sequer se importavam com o que ela tinha a dizer, por isso preferia guardar o que sentia para si mesma. Quando os sentimentos começavam a se acumular dentro dela, ela os colocava no papel, na tentativa e na esperança de que isso a ajudasse de alguma maneira. Transformava sua vida em textos, em cartas jamais enviadas, em crônicas, em contos, em letras de música que nunca conseguira encaixar em alguma melodia. Talvez escrevia por necessidade, e não por opção. Talvez era a única maneira de colocar em palavras o que sentia. Talvez fosse seu jeito próprio de expressar-se. Como se isso fizesse parte dela.
segunda-feira, 15 de julho de 2013 0 comentários

Vício por futebol



Dizem que o Brasil é o país do samba, do carnaval e do futebol. Samba e carnaval são bem dispensáveis para mim, para não dizer inúteis. Não sei sambar, e carnaval é uma época em que, como todo feriado, fico em casa fazendo qualquer coisa ao invés de "aproveitar o carnaval", seja lá o que isso queira dizer. Enfim, não é sobre samba nem sobre carnaval que quero falar. É sobre futebol. Ah, o futebol. O que seriam das minhas tardes de domingo e noites de quarta-feira sem assistir a uma boa partida de futebol do meu time? Mesmo que no final ele saia perdendo - pouquíssimas vezes, é claro - a adrenalina, o nervosismo, a alegria de vê-lo fazendo um gol são sensações tão boas que vale muito a pena tirar 90 minutos do dia para senti-las. E aquele frio na barriga quando a bola bate na trave. Ou quando um pênalti pode resolver o jogo inteiro. A angústia do último jogo da final de um campeonato. E aquele desespero quando o árbitro não vê a falta contra seu time ou quando o técnico faz uma substituição que você tem certeza que vai estragar tudo. E sabe aquele papo que mulher só assiste futebol para ver os homens bonitos? Grande bobagem, pelo menos no meu caso. É claro que tenho lá minahs quedas por jogadores de futebol bonitos, mas esse não é o único motivo que me faz assistir a jogos. Mulher também torce, também grita, também canta, também chora ao ver seu time jogar. Aliás, conheço mulheres que entendem de futebol melhor que muito homem por aí. Ah, com certeza, futebol é uma das minhas coisas favoritas do Brasil.
 
;