quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Não posso ser escritora




Não posso ser escritora. Não tenho nome de escritora, não tenho sobrenome de escritora e nem cara de escritora. Tenho cara de secretária sem graça de escritório.
Não posso ser escritora. Escritores bebem muito. Detesto cerveja e não aguento meio gole de qualquer bebida alcoólica. Dá para escrever algo bom estando sempre sóbria?
Não tenho ideias mirabolantes e não escrevo nada inovador. Não tenho teorias interessantes sobre qualquer coisa. Só escrevo um monte de coisas que todo mundo já sabe e um bom escritor não faz isso. Não me destaco por ter opiniões diferentes ou polêmicas. Só escrevo.
Não há nada de poético no que escrevo. Não uso metáforas. Não sou intelectual e nunca fui prodígio.
Eu apenas estou aqui. Escrevendo. Engolindo as palavras e depois as despejando no papel. Jogando-as para fora de mim porque não aguento o peso delas aqui dentro. Porque é só assim que eu me entendo, me desvendo e registro os momentos para que não me fujam da memória. Não tem a ver com talento, tem a ver com necessidade.
Sou completamente comum. Pessoas comuns não podem se tornar bons escritores.

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