Quatro
anos atrás, eu escrevi um texto sobre minhas indecisões de aluna de terceiro
ano do Ensino Médio. Estas indecisões, muito comuns para minha cabecinha de 17
anos que se via pressionada a escolher uma profissão para o resto da vida,
fizeram com que, depois de muita hesitação, eu me decidisse pelo curso de
Letras. Agora, estou no último semestre de curso, e: parece que eu voltei a ter
17 anos.
São
agoniantes estes momentos de incertezas. Para mim, que gosto de ter tudo bem
planejado e certo, é uma tortura não saber. Decidir é um tormento. O que
vou fazer ano que vem? Mestrado? Intercâmbio? Estudar e trabalhar em outra
cidade? Ficar trabalhando por aqui? Morar com meus pais? Sair de casa?
Eu
simplesmente não sei lidar. Não sei lidar com a incerteza e com a indecisão. Gosto
tanto de ter o controle de cada passo do meu futuro, saber exatamente o que vai
acontecer, estar preparada para as situações... Então vem a vida e nos
apresenta à incerteza e ao friozinho na barriga de não saber. Tento manter minha
mente no presente, mas ela insiste em avançar alguns meses e tentar prever o
que estará acontecendo.
Sinto
como se estivesse andando numa corda bamba acima dos prédios da cidade. Está
escuro e enxergo apenas alguns passos a minha frente. A corda bamba está cada
vez mais estreita e difícil de caminhar. Tento olhar para frente, não para
baixo, não para trás. Mas não enxergo até onde eu gostaria de enxergar.
Sei
que logo o dia vai amanhecer e todo o caminho estará claro a minha frente. Mas
a noite é longa e não posso perder o equilíbrio ou acabarei caindo. Só o que eu
preciso fazer é continuar andando, pois, se eu estiver sossegada, talvez meus
olhos se acostumem à escuridão e eu possa ter um vislumbre do que vem vindo à
frente. Só me resta caminhar e esperar.
Um comentário:
É um alívio ler seu texto e ver que não estou sentindo isso sozinha.
Saiba que eu tenho o mesmo problema: antecipo as coisas. E acabo sofrendo por antecedência também. É tão triste, mas eu também penso que isso me ajuda a me deixar mais preparada caso as coisas não saiam do jeito que eu esperava.
Adorei o texto.
Beijinhos, Hel.
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